No dia 14 de abril, duas culturas muito conhecidas do agronegócio brasileiro — batata-doce e grão-de-bico — embarcaram em uma missão espacial da Blue Origin, empresa aeroespacial fundada por Jeff Bezos.
Por mais inusitado que pareça, esse envio está longe de ser apenas uma curiosidade. Ele representa o avanço de uma nova fronteira: a agricultura espacial.
Por que enviar batata-doce e grão-de-bico ao espaço?
O objetivo da missão foi submeter sementes das cultivares Beauregard e Covington (batata-doce) e da BRS Aleppo (grão-de-bico) às condições extremas do espaço, como microgravidade, alta radiação e ausência de solo fértil.
A intenção é observar como essas plantas reagem a esse ambiente para, futuramente, desenvolver cultivares mais resilientes, capazes de se adaptar tanto ao cultivo fora da Terra quanto a cenários climáticos adversos aqui mesmo, no planeta.
Essa iniciativa faz parte das ações da Rede Space Farming Brazil, formada em 2023 por meio de um protocolo entre a Embrapa e a Agência Espacial Brasileira (AEB).
O projeto conecta o Brasil ao Programa Artemis, da NASA, e já envolve 56 pesquisadores de 22 instituições, incluindo a ESALQ/USP, o CENA/USP e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC).
Ciência e inovação conectando o agro à exploração espacial
A escolha da batata-doce e do grão-de-bico não foi por acaso. Ambas são espécies nutricionalmente completas e agronomicamente eficientes:
- Batata-doce: rica em carboidratos de baixo índice glicêmico, de rápido crescimento e com baixa demanda de insumos.
- Grão-de-bico: possui alto teor proteico e excelente adaptabilidade ao clima seco.
Essas características tornam essas culturas ideais para simular condições agrícolas em missões espaciais e em solos degradados na Terra.
Durante o voo, as sementes ficaram cerca de cinco minutos em microgravidade, tempo suficiente para provocar possíveis mutações genéticas espontâneas e alterações fisiológicas — informações valiosas para programas de melhoramento genético.
O futuro do agro é também fora da Terra
Mais do que uma experiência científica, essa missão é um marco para o agro brasileiro. Participar da corrida espacial com protagonismo em inovação agrícola mostra o potencial do Brasil em desenvolver tecnologias sustentáveis que beneficiem tanto o campo quanto futuras missões interplanetárias.
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