Ao aproximar-se do fim da colheita das culturas de verão, uma questão surge para diversos produtores: o que plantar no inverno?
Apesar de possuir uma vasta lista de respostas para tal questionamento, deve-se levar em conta diversos fatores. Dentre os fatores, se tem o comportamento do inverno da região, a finalidade da produção, as características da área de plantio e como está a fertilidade do solo.
Primeiramente, é importante ter conhecimento das principais culturas de inverno cultivadas no Brasil:
- Milho
- Sorgo
- Aveia
- Centeio
- Canola
- Cambre
- Feijão
- Girassol
Essas culturas, também como conhecidas como culturas de entressafra, proporcionam diversas vantagens, uma vez que contribuem para o aumento da fertilidade do solo, diminuem chances de sobrevivência de organismos patogênicos e reduzem a seleção de plantas daninhas resistentes aos herbicidas, além de ser uma forma de incremento na renda final do produtor.
Deve-se ressaltar, ainda, que elas são aptas a diferentes condições climáticas. Portanto, para obtenção de uma lavoura vigorosa no inverno, é necessário ter em mente que essa estação, no Brasil, por conta de sua grande extensão territorial, varia demasiadamente conforme a região. Veja abaixo qual cultura de inverno é mais adequada de acordo com a localidade da propriedade:
1) Região Sul
Nesta região, o período de entressafra (inverno) possui uma média de temperaturas mais baixas quando comparadas às demais. Sendo assim, a cultura do trigo, aveia ou centeio são as mais indicadas, neste caso, posteriormente à cultura da soja no verão.
2) Região Sudeste
Como as temperaturas serão mais elevadas, recomenda-se o cultivo de sorgo, feijão, girassol, cambre ou, ainda, variedades de trigo resistentes a climas mais quentes.
3) Região Centro-Oeste
Para tal localidade, são indicadas as mesmas culturas da Região Sudeste (sorgo, feijão, girassol, cambre e trigo). Porém, ressalta-se que para áreas de déficit hídrico uma opção viável é a aveia, a qual possui maior resistência a climas secos.
Ademais, a decisão do que plantar no inverno varia entre produtores, pois podem possuir diferentes finalidades: comercialização, produção de alimento para animais ou obtenção de palhada como cobertura do solo, por exemplo.
Uma vez optando pela comercialização, o produtor deve, inicialmente, realizar um estudo de escoamento a fim de identificar seus possíveis compradores e estabelecer um fluxo de transporte viável para tal, de modo a evitar quaisquer prejuízos. Ressalta-se, ainda, a importância do monitoramento do preço de venda de cada cultura, uma vez que há situações em que os gastos, com combustíveis para maquinários ou com produtos químicos, por exemplo, ultrapassam este valor e, portanto, não compensam a colheita destas.
Outro fator de grande importância é a situação da área de plantio. Isto é, qual a cultura de verão anteriormente implantada, quais são as principais plantas daninhas, pragas e doenças que nela ocorrem e demais eventuais pontos de destaque que caracterizam a área em questão.
Como em diversos casos o produtor busca uma melhoria do solo para a safra seguinte, o cultivo de trigo, aveia, canola e nabo-forrageiro podem ser grandes aliados para isso. Na tabela abaixo realizada por Antonio Fancelli, docente do Departamento de Produção Vegetal da ESALQ-USP, é possível obter as recomendações para a composição de um programa de rotação de culturas de soja, milho, trigo e feijão.
Outro desafio que vem sendo observado em diversas lavouras é a ocorrência de nematoides. Os quais apresentam-se presentes em diversas espécies e, uma vez estabelecidos em uma área, dificilmente são eliminados. Todavia, o sistema de rotação de culturas é uma das principais formas de suprimir a expressão de tais organismos.
A tabela abaixo, elaborada pelo professor Mário Inomoto do Departamento de Fitopatologia e Nematologia da ESALQ-USP, mostra, para cada uma das principais espécies de nematoides, sua ocorrência perante diferentes culturas, sendo a cor verde para redução, vermelho para aumento, amarelo para variável e branco para quando não há informações.
Por fim, é de suma importância que, antes de tomar qualquer decisão sobre decidir o que plantar no inverno, o produtor tenha ciência da fertilidade do solo de sua propriedade. Afinal, independente de sua finalidade, visa-se uma produção vasta e vigorosa. Por isso, deve-se ter pensar que cada cultura gera um efeito no solo, já se diferenciam quanto ao sistema radicular, bem como exigências nutricionais.
De acordo com Cesar José da Silva, pesquisador da Embrapa, a canola é uma das culturas de inverno que possui maior exigência quanto a fertilidade do solo. Portanto, para ter maior assertividade, indica-se a realização de análises de solo em laboratório. Evitando assim, possíveis prejuízos com escolhas equivocadas e, ainda, contribuindo com a listagem das culturas de inverno mais viáveis tecnicamente.
Na figura abaixo, é possível notar a diferença dos sistemas radiculares de algumas culturas de inverno.
Sabe-se que as culturas de inverno são alternativas rentáveis para os produtores, além de garantirem vantagens no sistema de produção, por meio da rotação de culturas. Portanto, diante de tais recomendações, é possível chegar a conclusões sobre o que plantar no inverno. Lembrando-se, sempre, que cada caso pode variar de acordo com diversos fatores e que, apesar de serem culturas secundárias, elas exigem uma série de cuidados e atenção.
Por isso, em suma, é importante realizar análises de solo, ter conhecimento acerca da área, como comporta-se o clima da região e, caso seja necessário, contratar empresas que prestem consultoria a fim de obter uma análise particular, maximizando a produção e melhorando a qualidade do solo de sua área.
Escrito por Kátia Terada
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